Pegou o copo de café e se dirigiu a janela de seu apartamento, não sei por que, ela tomava café em copos, xícaras a seu ver não eram seguras, ela gostava dos coloridos com ou sem pintinhas ou desenhos. Morava em um prédio, mesmo tendo medo de altura, porém achava que convivendo com o ar mais alto, seu medo se esquivasse e sumisse mesmo isso sendo meio que impossível para ela.
Como sempre se sentava no peitoril da maior janela, que estava gritando por uma mão de tinta, olhou para baixo, ela morava no quinto andar num prédio de 10 andares, era estranho. Lá embaixo, sempre via a mesma paisagem, pessoas e pessoas, idosos, crianças, casais... Enfim pessoas tão iguais, mas tão e unicamente diferentes. Olhar para baixo lhe trazia dor de cabeça. Então levantou seu olhar, e dirigiu-o para a janela do prédio a frente, aquela janela com uma cortina verde com bolinhas amarelas que sempre estava fechada. Fazia mais de três
meses que Kate morava nesse prédio e nunca a vira aberta. Mas ela gostava dela, e por isso quando cansava de olhar para as pessoas, olhava para aquele canto, com uma leve esperança delas se abrirem e revelarem um sinal de vida naquele apartamento.
[...] o café acabou. Merda! Odiava tomá-lo rápido por que morria de preguiça de ir buscar mais. Mas não tinha quem o fizesse para ela, e para não ficar sem e não correr o perigo de ficar com o copo vazio novamente encheu-o bem, olhou para os ponteiros do relógio que marcavam 10 da noite, e voltou para a janela. Não queria ver TV, nem sair, só queria olhar. Voltou seus olhos castanhos claros para a cortina verdinha e ela não estava mais lá fechada, estava arredada para os lados, e a janela estava aberta. O apartamento estava com a luz apagada, e ela não conseguia ver nada além da cortina. Mais um gole de café, mais uma olhada e movimentos. Na janela apareceu à imagem de um homem, deduziu que ele tinha uns 22 anos, cabelos castanhos claros, rosto com traços marcantes, uma barba malfeita, e olhos perdidos. Tudo parecia tão familiar para ela. Ele a viu. Sorriu um sorriso limpo e puro, e depois sumiu. Sumiu e não voltou mais durante uns dias. Era uma sexta-feira, Kate entrou em casa, deixou sobre a bancada da cozinha a sacola de pães e foi abrir a janela, a cortina estava aberta, e o menino estava lá. Sorriu e falou algo, algo que Kate não entendeu, ela tinha que
entender mais não conseguiu, ele fechou a janela e ela voltou para a cozinha.
De repente a campainha tocou. Ela teve a leve impressão de saber quem era, sentiu um perfume, aquele cheiro que ela sentia todas as manhas quando um buquê de rosas era deixado na porta de seu apartamento, e ela corria atender,o que tinha acabado de fazer agora, automaticamente. Aquele perfume, o rosto marcante, a barba mal feita, os olhos que acharam o que procuravam tudo pertencia a ele, inclusive ela também. Seu coração não acelerou, suas pernas não tremeram, suas mãos não suaram, sua boca não sorriu. Mas dos seus olhos saíram lágrimas, lágrimas de amor, e os lindos olhos castanhos do menino foram chegando mais perto, transbordando em lágrimas, a mão dele enlaçou a cintura de Kate, seus lábios quase se tocavam. Olhos nos olhos, lágrimas misturadas, corações enlaçados, pele quente e arrepiada. “Eu te amo” -disse ele- “Eu também” - ela respondeu. “Por que você foi embora, sem deixar vestígios, somente deixando o cheiro de seus cabelos em meu travesseiro e sua pulseira sobre o piso do banheiro?”- olhou-a- “Por que tive medo.”-disse ela- “Medo? Medo do meu amor por você? Medo de mim?” -Falou isso com uma voz doída- “ Medo de mim, receio de mim. Eu não sei se consigo te fazer feliz, não sei se consigo te retribuir, se consigo lhe dar amor.”
Ele afrouxou seus braços e depois de um suspiro lento e uma mordida nos lábios, olhou-a nos olhos cheios de sombras, mas com fios de luz e disse: “Não preciso que você me ame mais, só preciso de você. De tua voz, teu cheiro, tua presença, teu toque, teu sorriso quando provoco teu corpo quente, teus cabelos sobre meus braços, teus pés nas minhas pantufas, tuas mãos hábeis e pequenas ajeitando minha gravata. Preciso do teu hálito de manha, do teu cobertor, preciso do teu ar, do barulho do teu coração, da tua escova de dente, do teu esquecimento, da tua inconstância, da tua meiguice. Olha não te peço nada, somente uma coisa." Levantou-a e colocou-a sobre a bancada da cozinha, caía um temporal lá fora. “Esteja comigo pra sempre,quero ser livre, mas algemado em você.”
HAHAHA
ResponderExcluirJuro ke ajudei
hey, t amo
^^